sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Bem ou mal, falem de mim!

Quando assumi minha orientação sexual para minha mãe, dentre tantas crueldades ignorantes que ela vociferou, algo que ela sempre alegava, era a imagem vulgar que se tem sobre os homossexuais. Falava que os gays são promíscuos, extravagantes, indiscretos, escandalosos, e por aí vai. Dizia que os homossexuais nunca atingem o sucesso profissional, e são sempre problemáticos, depressivos, agressivos, e por aí vai.
É claro que essas coisas não são verdadeiras, mas nesses anos de militância pela causa gay, percebi que essa visão deturpada que minha mãe tem, é a visão da maior parte da sociedade. Quando me pego pensando acerca dos motivos para isso, meu espírito empírico de cientista me faz questionar para obter respostas. E a primeira pergunta é: Quem são os gays, para essa sociedade?
Deixo, para depois retomar, as observações provenientes dessa parte heterossexual ignorante da sociedade, a fim de agora relatar observações em conversas dentro do meu grupo de amizades.
Os meus amigos, como eu, são pessoas discretas. Todos muito bem instruídos, formados, bem sucedidos em suas carreiras, ou a caminho de. São pessoas com boas bases familiares, o que não significa, obviamente, que tenham o apoio de seus pais. Procuram não se expor; alguns não são assumidos. À parte sua indiscutível inteligência, ouço, ás vezes, com grande tristeza, tecerem o seguinte comentário: "Eu não gosto dos gays tipo 'bicha afetada', que dão escândalo e sujam a imagem dos gays para a sociedade hetero lá fora".

Eis a resposta para aquela pergunta. É esse o gay que a sociedade conhece. O que se expõe, que dá a cara a tapa, que fala, que gesticula, que dá risada, que exerce sua orientação sexual em público.

Eu, particularmente, não gosto de extravagâncias, excessos. Prefiro a discrição. Mas isso, não é em relação à minha orientação sexual: estende-se a todos os setores da minha vida. Não me relaciono em nenhum, sentido com pessoas escandalosas, não por preconceito, mas porque não temos muito em comum.

Entretanto, venho por meio desse post, pedir e, argumentar em favor disso, que se respeite a diversidade comportamental dentro da homossexualidade. Constata-se, com grande pesar, que a homofobia não está restrita aos heterossexuais. Ouço homossexuais destilando seu preconceito contra transexuais, contra transgêneros, contra os gays afeminados, contra as lésbicas masculinizadas, e isso é uma pena.

Porque esses, meus caros, são os gays que a sociedade conhece. Eles estão promovendo a visibilidade gay no mundo. Eles estão polemizando, fazendo divergir opinião, incomodando, alertando, encantando.

E se minha mãe acha que todo gay é vulgar, extravagante, descomedido, não é porque aqueles gays extravagantes e excessivamente espontâneos estão sujando a imagem dos homossexuais. Eles estão apenas excercendo o direito pleno de serem eles mesmos. É porque pessoas como eu e meus amigos, que somos discretos, não nos expomos. Não nos impomos.

Eu ergo uma bandeira a favor do direito e do dever. Você tem o direito de não se expor, se você acha que a sociedade ainda é preconceituosa demais para que você possa se assumir publicamente sem se prejudicar. Mas então, você terá o dever de respeitar todas aquelas pessoas que se expõe, e você terá o dever de compreender e aceitar que, se você não promove a visibilidade gay no mundo, terá que aceitar aquela imagem feita pelos que a promovem.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Orlando

Orlando - por virginia Wool

Dica de Leitura: Orlando

Orlando - por Virginia Woolf

Sinopse:
O mais popular livro de Virgínia Woolf, "Orlando" é uma biografia fantástica de um nobre inglês nascido no século XVI que se transforma em mulher e atravessa o tempo até chegar aos anos 20 do século XX. Orlando está constantemente em busca do amor e da arte. Através das aventuras e desventuras do personagem, Virgínia Woolf apresenta um panorama das transformações sofridas pela Inglaterra e traça divertidas comparações entre homens e mulheres, que acima de tudo servem para desenhar Orlando como um ser humano, independente do sexo.

Bom, to apaixonada. Comecei a ler e está uma delícia.É o segundo livro que leio de Virginia(o outro foi Mrs Dalloway) e esse é simplesmente lindo.Logo foi buscar mais informações dos bastidores da trama.
Pra começar existe um filme sobre o livro, alias a belíssima e singular atris Tilda Swinton(logo abaixo) interpreta Orlando, a personagem título do livro e filme.Não vi o filme* mas achei um link pra baixar e dei uma olhada no trailer disponível no youtube.**


Depois eu quis entender um pouco mais sobre a obra em si.Como é sabido, Virginia nutriu um amor por uma guria, uma coisa meio doentia.Há quem diga que Orlando é uma homenagem a esse amor,por isso a autora construiu o personagem imortal, belo e perfeito. realmente não há quem não se apaixone por Orlando.
Há quem diga que Orlando é apenas uma crítica aos costumes sociais que definem o ser homem e o ser mulher e por isso é um romance bastante feminista pra época.O tempo inteiro, no atravessar dos anos, a autora critica posturas machistas e também as ironiza.
Outro aspecto fascinante no livro ( possivelmente no filme) é a viagem pelos eventos históricos europeus.

Eu, acho que fundamentalmente,e Orlando faz parte da visão da autora acerca do mundo e até mesmo sobre o romance que possivelmente nutriu pela tal guria. Por isso as críticas sobre as regras sociais que definem o "ser' homem e o "ser ' mulher.Há momentos em que Orlando é um ser tão ideal que fica impossivel saber se ele é ou não humano,por que é tão perfeito que nao pode ser humano.Talvez orlando seja apenas um desejo da autora, de que o ser , homem ou mulher, fosse Orlando, e é isso que o torna humano.

O que dizer, Orlando não é ele, nem ela. Orlando é humano (ou um desejo materializado para Toda a sociedade). E por isso, sendo uma "homenagem ao amor" ou "uma crítica social", é fácil se apaixonar por Orlando, independente do sexo que o/a abriga.


** http://br.youtube.com/watch?v=jFMmMh288pE

* http://7ma-arte.blogspot.com/2008/12/orlando-mulher-imortal.html