quarta-feira, 2 de julho de 2008

Fabricia

Sempre me achei “o patinho feio” da família e da turma de amigos, jogava bola com os moleques e nunca fui vaidosa, sempre quis ser diferente (mesmo já sendo, pois tenho uma pinta na face direita que já me destaca), mas nunca percebi qualquer atração por mulheres, ficava e namorava com os meninos, chegando até a pensar em casamento em um relacionamento mais longo, no qual perdi a virgindade. Mas o primeiro beijo homossexual aconteceu com a melhor amiga, também inexperiente, aos 21 anos, de forma totalmente inesperada, em uma madrugada, em meio a uma sessão de massagem. O beijo quente, longo e carinhoso foi seguido de um tchau seco e uma semana sem qualquer comentário, até que, outra madrugada, outra sessão de massagem e outro beijo, mais longo e carinhoso ainda, a partir daí, fomos nos descobrindo sozinhas, tudo que fazíamos vinha única e exclusivamente de nossos desejos, nada de livros, filmes ou historinhas de amigas, não conhecíamos ninguém e mantivemos assim por seis meses, até que ela resolveu comentar com outra amiga, fiquei brava por alguns segundos, mas logo essa amiga confessa: Relaxa, eu também sou!! E começou a apontar diversas outras amigas que era homossexuais também, foi um alivio, foi só ai que comecei a me sentir mais acolhida, e, mesmo querendo ser diferente, nesse momento, fiquei feliz em ter pessoas iguais a mim. Até então, a visão da homossexualidade que eu tinha vinha de ensinamento tradicionais, relacionando a pecado, promiscuidade e drogas. Devido a isso, sempre mantive minha “condição” como um segredo, para família e amigos.
Com o passar dos anos, após vários relacionamento, foi percebendo que, quanto mais autentica eu fosse, mas respeito eu tinha de todos que me cercavam, passei então a não mais esconder comportamentos, e, pela grande sorte de ter uma família maravilhosa, nunca senti a necessidade de ter a difícil conversa para assumir minha sexualidade, simplesmente fui me mostrando naturalmente. Hoje sou muito respeitada e admirada, o que me faz muito feliz, não sinto mais necessidade de ser diferente, não me descobri um “cisne” mas passei a ter uma vaidade que me faz sentir-me bem em qualquer ambiente, família e entre amigos.
Se algo deve ficar é a idéia de que assumir-se não requer coragem e sim autenticidade e clareza de sentimentos, ser bi ou homossexual não é algo vergonhoso que devemos esconder, como um crime ou pecado. Esconder-se é uma forma de auto preconceito. Não acho que todos devam gritar: sou mesmo, e daí??, pois esse processo pode ser muito doloroso, mas mostrar um comportamento de aceitação, respeito e autenticidade é um bom começo

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